Manuel Pires Pinto de Carvalho (Nelo Carvalho) é um dos grandes entertainers de Angola.
Nasceu em Luanda a 9 de Março de 1959. Começou na música aos 15 anos nos “Mini-Jovens”, um grupo de Tômbua, cidade no Sul de Angola onde viveu dois anos.
Em 1975, parte para Portimão, Algarve (Portugal), onde Chico Leite o encontra; com ele faz uma parceria um pouco à semelhança do Duo Ouro Negro, sua referência musical. Três anos depois, em 1978, é convidado para integrar o conjunto “África Tentação”, grupo incontornável nos fins de semana de Lisboa. Com o África Tentação grava dois LP’s: “Angola 79” (1979) e “Mulher de Angola” (1980).
Com o seu gosto pela noite Lisboeta, resolve formar um trio para tocar nos pubs da cidade: o trio “Raízes”, ao lado de Armindo Monteiro e do brasileiro Paulo Roberto Pimenta. Ao regressar para o Brasil, Paulo Roberto é substituído pelo percussionista Beto Monteiro, irmão de Armindo, e assim começam as digressões ao Sul e Norte de Portugal, onde se juntam a eles três bailarinas.
1981 é o ano das grandes mudanças: integra o espectáculo “Blackground” do Duo Ouro Negro, uma trajectória musical entre África, Europa, América e o retorno que tudo isso teve no enriquecimento das músicas africanas. Com a entrada de Nelson Oliveira (baixista), Raízes passa a quarteto e torna-se a banda suporte do Duo Ouro Negro. Gravam dois discos: “Blackground” (Império de Iemanjá – 1981) (“Menina Negra” e “Luanda Vou” foram as músicas interpretadas pelos Raízes neste LP duplo) e “Aos Nossos Amigos” (1984).
Depois da morte do Milo Vitória Pereira (um dos elementos do Duo Ouro Negro), em 1985, faz uma aposta integral nos Raízes, aumentando o grupo de 4 para 6 e, mais tarde, para 7 elementos.
Nessa formação, volta a trabalhar com Raúl Indipwo, com quem gravam o Disco “Sô Santo” (1986), fazendo várias digressões pelo mundo, onde se destacam as actuações no Olympia de Paris (1987) e no Karl Marx em Luanda (1987).
Em 1988, com os Raízes, toca no Beethovenhalle em Bona, Alemanha.
Em 1989, acompanhando Raúl Indipwo, faz a primeira parte do espectáculo de Amália Rodrigues, no Roy Thomson Hall em Toronto, Canadá.
Nos finais de 1989, o grupo Raízes resolve separar-se e alguns elementos do mesmo grupo rumam para o Algarve, onde ficam a residir. Nelo de Carvalho, Beto Monteiro e Mingo Rangel formam o trio
“Son Latino Group”. Pouco tempo depois, juntam-se mais 6 elementos. Com eles, Nelo faz várias viagens musicais pelo mundo do flamenco, salsa, rock latino e merengue.
Nos anos 91 e 92, participa como guitarrista nos espectáculos ao vivo do projecto “Delírios Ibéricos” do músico instrumentista Rão Kyao, entre Portugal e Espanha, destacando-se as actuações na Expo Sevilha ‘92.
No final de 1992, opta por tocar a solo, e aí desenvolve técnicas de palco e entretenimento que são imitadas por muitos (é por isso que o consideram o “homem-show”). Decide, então, abrilhantar as noites de Luanda, como fizera em Lisboa, e o êxito é total! Nesse formato, actua nas províncias angolanas e também na Namíbia, Brasil, Portugal, Espanha, Japão, China, etc…
Depois de gravar os discos “Ao Vivo – Interpreta Temas da Sua Vida” (1999) e “Memórias” (2003) com versões feitas com base nos elementos electrónicos com que toca ao vivo, Nelo Carvalho resolve agora fazer uma abordagem diferente, ou seja, um disco cujo elemento acústico seja a referência. Assim, envereda pelos sons naturais e tonificados de cada instrumento musical e resolve ir à procura das suas referências; buscar os ritmos, os sons e as vozes que mais se identificam com o seu passado. Com estas condições, inicia uma viagem de cumplicidades e harmonias que culmina com a obra que sempre quis fazer e que só agora foi possível concretizar. Dessa obra resultou a seguinte trilogia: “Encontros” (2013), “Reencontros” (2015) e “Las Voces Y Los Cantos” (2017).
Este projecto trará a todos os amantes da música caminhos novos que poderão saborear a dançar, ou simplesmente ouvir em qualquer recanto onde se encontrem.
É possível fazer diferente, e tudo o que Nelo Carvalho faz na música tem o seu toque que marca a diferença. É um cantor angolano único que canta praticamente todos os géneros musicais, fruto das suas experiências, e as pessoas sabem que o seu trabalho é sempre feito com gosto, dedicação e qualidade!
“Njila Yami” é o título do novo trabalho discográfico de Nelo Carvalho, quer dizer em tradução para português, “O Meu Caminho”, uma aposta musical, totalmente produzida por si, mostrando as suas preferências, o seu caminho, numa sonoridade estética, baseada nas artérias do Semba, do Zouk, da Rumba, do ritmo que obriga a dança, mas também, da dolência dos sons com mensagens de estórias e sentidos da alma angolana e não só: – as perdas, o amor, a esperança, o desejo… expressas nas mensagens desta obra adulta, com muita diversidade de estilos, demonstrando ideias bem definidas, trazendo novamente a sua marca plural.
Nelo Carvalho, não precisa de adjetivos, é com muito gosto que ouvimos o seu caminho, a sua proposta, como uma cascata de água multidirecional, desaguando nos nossos “oceanos”, ávidos de novidades.
O novo disco “Njila Yami”(2022) foi lançado em Luanda na Praça Da Independência no passado dia 6 de Março e no Namibe no dia 8 de Março de 2022.
“Obrigado pelo carinho e palavras vossas de incentivo, por isso e por tudo tenho orgulho de acreditar que ainda é possível fazer discos físicos, para pessoas exigentes como vocês que respeito e admiro…”
N.C.
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